Por Neilania Rodrigues
"Você sangra? Vai sangrar" |
Quão longo precisa ser um filme para
contar bem uma história? Antes existia uma grande preocupação por parte de
diretores e produtores da sétima arte para que as pessoas não achassem o filme
chato, arrastado, difícil de ver no cinema. Recentemente esse não tem sido um
problema, alguns filmes, que poderiam ser considerados longos são campões de
bilheteria. Produções tão bem articuladas e divertidas, além de interessantes
que nem percebemos que estamos ali há muito tempo ou tomamos refrigerante demais
até ser quase tarde demais.
Bem, se tamanho não é problema, então, o que tem de errado com este filme? Para
mim, ele se repete sem necessidade, o ritmo da história é capenga e o pior,
parece que realmente começa depois dos trinta primeiros minutos.
Esse filme trata de origem. Mas pelo que sabemos não seria a origem dos
personagens centrais, certo? Mas então porque precisamos ver logo no início
toda a tragédia da vida de Bruce Wayne revisitada? Será que ninguém sabe o que
aconteceu com ele, como perdeu os pais, como encontrou a caverna, como se
convenceu a usar o seu medo contra os bandidos? A trilogia dirigida pelo
Christopher Nolan não tem tanto tempo assim. O que é? O Bruce fica mais
traumatizado cada vez que a cena aparece na tela?
Assim, você encontra o Super-homem
tentando levar uma vida normal e, para a minha felicidade, aquele jeito
abobalhado do Clark Kent finalmente foi superado. Ele é inteligente e
questionador, embora você não entenda como um repórter de um dos maiores
jornais do país possa não conhecer Bruce Wayne. Ele não fica fingindo uma
patética submissão e nem gaguejando (graças a Deus!) como acontece em outros
filmes. E o Batman? Bem, ele está mais surtado, violento e interessante do que
em qualquer outra versão. Mas aí tem aqueles sonhos (que depois precisam ser
explicados pelo diretor), e tudo se arrasta ainda mais.
O pior é que a entrada do Lex Luthor não faz o filme ficar mais
excitante. “A maior mente criminosa do mundo”, que sempre foi bem caricata nas
outras produções, não ficou melhor e nem mais interessante dessa vez. Nos
outros filmes, o Lex parecia um trambiqueiro que teve a oportunidade de aplicar
o grande golpe. Mas aqui, o cara já é rico, traumatizado com os maus tratos do
pai.
Ah, mas esse Lex é irritante, com uma vozinha aguda, batendo
palminhas, miando como um gato, ora vacilante, ora meio louco. Sim. Quando ele
fala com o Super-homem sabe quem ele parece? O Coringa. Parece que para ter o
Batman e o Super-homem no mesmo filme precisa se mesclar os dois maiores
inimigos dos dois heróis (affe), não dá pra mim.
Demora uma vida, mas finalmente inicia a luta que dá título ao
filme. Você espera a quebradeira, a bagaceira. Afinal, você viu o Batman se
preparar para aquele momento. Mas opa! Apesar dos efeitos incríveis, a luta é
muito insossa, mesmo os truques do morcego não conseguem sustentar a ação de
forma interessante, e o gosto ruim vai aumentando para culminar na luta final,
porque o roteiro deixou tudo para o fim e finaliza mal.
Senão fosse a Mulher Maravilha, seria o fim do Batman e da ação no filme. O morcegão sofre, porque de fato, ele não pode fazer nada contra a grande ameaça e o Super-homem está piegas demais, indo de novo para o sacrifício. Você não está cansado de ver o cara morrer ou quase isso em todos os filmes? Eu estou. Não justifica e nem polemiza como o diretor quer. Na verdade, tira o brilho do personagem e enfraquece o mesmo.
Senão fosse a Mulher Maravilha, seria o fim do Batman e da ação no filme. O morcegão sofre, porque de fato, ele não pode fazer nada contra a grande ameaça e o Super-homem está piegas demais, indo de novo para o sacrifício. Você não está cansado de ver o cara morrer ou quase isso em todos os filmes? Eu estou. Não justifica e nem polemiza como o diretor quer. Na verdade, tira o brilho do personagem e enfraquece o mesmo.
O que o filme tem de bom? Além de um Clark remodelado, um Bruce
surtado (sim, nunca pensei que diria isso, o Ben Afleck ficou muito bem!). Tem
a Mulher Maravilha, ela rouba a ação, (e não ache que gostei da Gal Gadot como
a heroína), vai pra cima mesmo e mostra o que está fazendo ali. E também há a
Lois Lane, aquela que pra mim sempre foi a pior coisa dos filmes do
Super-homem. Ela está mais humana, preocupada com o homem que ama, apesar de
toda chorosa, vai atrás de entender o que está havendo, apesar de guardar tudo
para ela. Por quê? Não sei, esse é um mistério que nem o diretor pode responder.
Ah, se fosse eu cheirando esse cangote... |
Então,
Batman vs. Superman é um filme pretensioso, que se arrasta longamente numa
trama frágil, onde tudo requer uma longa explicação a ponto de torna-lo
cansativo e na maior parte do tempo muito tedioso.