quarta-feira, 4 de maio de 2016

Batman vs Superman: A origem da justiça (2016)



Por Neilania Rodrigues



"Você sangra? Vai sangrar"



Quão longo precisa ser um filme para contar bem uma história? Antes existia uma grande preocupação por parte de diretores e produtores da sétima arte para que as pessoas não achassem o filme chato, arrastado, difícil de ver no cinema. Recentemente esse não tem sido um problema, alguns filmes, que poderiam ser considerados longos são campões de bilheteria. Produções tão bem articuladas e divertidas, além de interessantes que nem percebemos que estamos ali há muito tempo ou tomamos refrigerante demais até ser quase tarde demais.
Bem, se tamanho não é problema, então, o que tem de errado com este filme? Para mim, ele se repete sem necessidade, o ritmo da história é capenga e o pior, parece que realmente começa depois dos trinta primeiros minutos.

Esse filme trata de origem. Mas pelo que sabemos não seria a origem dos personagens centrais, certo? Mas então porque precisamos ver logo no início toda a tragédia da vida de Bruce Wayne revisitada? Será que ninguém sabe o que aconteceu com ele, como perdeu os pais, como encontrou a caverna, como se convenceu a usar o seu medo contra os bandidos? A trilogia dirigida pelo Christopher Nolan não tem tanto tempo assim. O que é? O Bruce fica mais traumatizado cada vez que a cena aparece na tela?
Assim, você encontra o Super-homem tentando levar uma vida normal e, para a minha felicidade, aquele jeito abobalhado do Clark Kent finalmente foi superado. Ele é inteligente e questionador, embora você não entenda como um repórter de um dos maiores jornais do país possa não conhecer Bruce Wayne. Ele não fica fingindo uma patética submissão e nem gaguejando (graças a Deus!) como acontece em outros filmes. E o Batman? Bem, ele está mais surtado, violento e interessante do que em qualquer outra versão. Mas aí tem aqueles sonhos (que depois precisam ser explicados pelo diretor), e tudo se arrasta ainda mais.
O pior é que a entrada do Lex Luthor não faz o filme ficar mais excitante. “A maior mente criminosa do mundo”, que sempre foi bem caricata nas outras produções, não ficou melhor e nem mais interessante dessa vez. Nos outros filmes, o Lex parecia um trambiqueiro que teve a oportunidade de aplicar o grande golpe. Mas aqui, o cara já é rico, traumatizado com os maus tratos do pai.
Ah, mas esse Lex é irritante, com uma vozinha aguda, batendo palminhas, miando como um gato, ora vacilante, ora meio louco. Sim. Quando ele fala com o Super-homem sabe quem ele parece? O Coringa. Parece que para ter o Batman e o Super-homem no mesmo filme precisa se mesclar os dois maiores inimigos dos dois heróis (affe), não dá pra mim.
Demora uma vida, mas finalmente inicia a luta que dá título ao filme. Você espera a quebradeira, a bagaceira. Afinal, você viu o Batman se preparar para aquele momento. Mas opa! Apesar dos efeitos incríveis, a luta é muito insossa, mesmo os truques do morcego não conseguem sustentar a ação de forma interessante, e o gosto ruim vai aumentando para culminar na luta final, porque o roteiro deixou tudo para o fim e finaliza mal.
Senão fosse a Mulher Maravilha, seria o fim do Batman e da ação no filme. O morcegão sofre, porque de fato, ele não pode fazer nada contra a grande ameaça e o Super-homem está piegas demais, indo de novo para o sacrifício. Você não está cansado de ver o cara morrer ou quase isso em todos os filmes? Eu estou. Não justifica e nem polemiza como o diretor quer. Na verdade, tira o brilho do personagem e enfraquece o mesmo.
O que o filme tem de bom? Além de um Clark remodelado, um Bruce surtado (sim, nunca pensei que diria isso, o Ben Afleck ficou muito bem!). Tem a Mulher Maravilha, ela rouba a ação, (e não ache que gostei da Gal Gadot como a heroína), vai pra cima mesmo e mostra o que está fazendo ali. E também há a Lois Lane, aquela que pra mim sempre foi a pior coisa dos filmes do Super-homem. Ela está mais humana, preocupada com o homem que ama, apesar de toda chorosa, vai atrás de entender o que está havendo, apesar de guardar tudo para ela. Por quê? Não sei, esse é um mistério que nem o diretor pode responder.
Ah, se fosse eu cheirando esse cangote...
Então, Batman vs. Superman é um filme pretensioso, que se arrasta longamente numa trama frágil, onde tudo requer uma longa explicação a ponto de torna-lo cansativo e na maior parte do tempo muito tedioso.