“Já pensou o que se passa na cabeça de uma pessoa? Eu sei,
pelo menos, a da Riley.” E assim
começa essa animação que é um dos filmes da Pixar[1] que
mais diverte a criançada e que os psicólogos piram.
Riley é uma garotinha que terá que se adaptar a uma nova vida
quando se muda para outro estado com os pais. A história se passa dentro, na
mente da garotinha precisamente, e fora da personagem também. Nela, vemos que
decisões tomadas sem um motivo aparente podem ser apenas mecanismos de defesa, como
não comer brócolis, por exemplo, que tem uma aparência, talvez não muito
agradável para as crianças.
Na mente da pequena Riley, a primeira a nascer é a Alegria e
existe um painel com apenas um botão e, após a primeira memoria ser criada,
passa por engrenagens bem complexas. Logo em seguida, a menina cresce e o
painel aumenta com uma maior quantidade de botões e engrenagens mais complexas
ainda. Seus sentidos: Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza reagem e
trabalham, muitas vezes em conjunto, outras... nem tanto.
A criação de memorias base são aquelas que remetem a um
momento importante da vida da pessoa e, cada uma molda um aspecto da personalidade,
como a ilha da família, por exemplo. Isto é, essa ilha é todo o significado de
família que a pessoa tem. A perda de alguns desses sentimentos como a alegria
ou a tristeza torna a pessoa apática, depressiva. Riley sofre por não sentir
nem alegria ou tristeza, apenas raiva, medo e nojo.
Isso ocorre quando a
Alegria tenta salvar as memórias básicas da Riley da Tristeza que insiste em
tocá-las. A aventura adentra pela cabeça da menina que mostra lugares no mínimo
inusitados tais como: a máquina para compreender sentimentos abstratos incompreendidos,
como a solidão, onde são fragmentados, desconstruídos, se tornam bidimensionais
e, por fim, tornam-se formas simples até desaparecerem (eu acho); a terra da imaginação;
o subconsciente, onde são levados (objetos, pessoas) que causam problemas e também
se guardam os piores medos; o lugar da produção dos sonhos; e o local que é um achado
(!), a terra do esquecimento, várias lembranças que ficam lá desbotam até
desaparecer.
O filme abre várias discussões tais como: o ser humano pode
ser feliz o tempo todo? Ou ficar triste todo o tempo? Ou do mesmo jeito ter
medo o tempo todo? O que é preciso para ser feliz de verdade? Segundo Buda, o
caminho certo é o caminho do meio. O equilíbrio do ser e da alma.
Não é só na cabeça de Riley que mostra o que se
passa, mas comicamente é mostrada a cabeça da mãe, do pai e do futuro
pretendente da Riley. Muito, muito bom!!
Na mente da mãe...
Na mente do pai...
Na mente do garoto...
[1] Pixar Animation Studios é
uma empresa de animação digital norte-americana pertencente à The Walt Disney Company.